Sistemas de fixação de cateteres venosos centrais: qual a opção mais segura?
O método tradicional de fixação de cateteres venosos centrais era a sutura e, embora ainda seja utilizado atualmente, a elevada taxa de complicações está a levar cada vez mais profissionais a optar por outras opções mais seguras. Quais são as alternativas?
O método tradicional de fixação de cateteres venosos centrais era a sutura e, embora ainda seja utilizado atualmente, a elevada taxa de complicações está a levar cada vez mais profissionais a optar por outras opções mais seguras. Quais são as alternativas?
O QUE VAI ENCONTRAR NESTE ARTIGO?
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Complicações associadas ao tipo de fixação do cateter venoso central
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Fixação por sutura
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Fixação com adesivo
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Sistema de fixação subcutânea
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Qual o tipo de fixação a utilizar?
Quer saber mais sobre os diferentes sistemas de fixação de cateteres venosos centrais? Continue nesta página e leia o texto completo.
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS AO TIPO DE FIXAÇÃO DO CATETER VENOSO CENTRAL
Para evitar complicações, a principal recomendação é manter o cateter, o penso e o local da punção limpos, secos e bem fixados. No entanto, nem sempre é esse o caso: de acordo com alguns estudos, entre 21% e 71% dos pensos estão sujos, molhados, soltos ou mal fixados. 1
Uma boa fixação e manutenção ajudarão a evitar complicações como flebite, infeção da corrente sanguínea relacionada com o cateter, colonização do dispositivo, infeção do local de entrada e saída, colonização ou irritação da pele.
Além disso, se o cateter não estiver bem fixado ou se mover durante a limpeza, pode ocorrer trombose e, consequentemente, oclusões ou migração do cateter.
TIPOS DE FIXAÇÃO DE CATETERES VENOSOS CENTRAIS
Existem vários tipos de fixação de cateteres venosos centrais, e cada um tem as suas próprias recomendações e melhores práticas de utilização.
FIXAÇÃO POR SUTURA
O método tradicional de fixação de cateteres venosos centrais era a sutura e, embora ainda hoje seja utilizado, está a ser substituído por outros métodos que apresentam menos complicações.
Em termos de fixação e principalmente por curtos períodos de tempo, proporciona estabilidade ao cateter, porém, com o passar do tempo, a sutura pode se soltar e podemos encontrar migração do cateter.
Esta não é a única complicação associada à sutura; a taxa de infeção ou bacteriemia associada ao cateter também aumenta com este método de fixação.
Com este sistema, a saúde do profissional que fixa o cateter também pode ser afetada, uma vez que o CDC estima que ocorram entre 600.000 e 800.000 punções acidentais por ano.
Devido a todas estas complicações, as diretrizes desaconselham a sua utilização. Por que razão continuam a ser utilizados e existem alternativas mais seguras?
FIXAÇÃO ADESIVA
Outro tipo de fixação do cateter venoso central é a fixação adesiva. Esta é uma técnica comum e menos invasiva do que a sutura e tem uma taxa de complicações mais baixa.
Dispositivos adesivos
Os dispositivos de fixação adesiva mais utilizados são o Grip-lock e o Stat-lock:
Grip-lock: trata-se de um dispositivo de fixação com uma zona recortada onde se encaixam as abas. É também um dispositivo flexível, pelo que se adapta perfeitamente à zona de fixação de qualquer paciente. Desde que estejam bem conservados e sem sujidade, podem ser mantidos até duas ou três semanas.
Stat-lock: um dispositivo com hastes salientes para fixar as aletas do cateter. É menos flexível do que o Grip-Lok.
Os dispositivos de fixação adesiva são uma ótima alternativa à sutura, com uma taxa de complicações de 21,3% em comparação com 47,2% associados à sutura. 3
No entanto, também existem complicações associadas a estes dispositivos. Por um lado, a passagem do tempo pode levar à degradação e ao desprendimento do adesivo, o que não garante uma fixação 100% segura.
Os adesivos fortes e resistentes à humidade são também uma opção. A desvantagem destes dispositivos é que requerem solventes específicos para uma remoção fácil, e a utilização incorreta de solventes pode causar danos na pele.
Além disso, durante a manutenção, para garantir uma limpeza ótima do local de inserção e da área do penso, os adesivos devem ser removidos da superfície da pele.
SISTEMA DE FIXAÇÃO SUBCUTÂNEA
O sistema de fixação subcutânea ou SecurAcath é uma opção relativamente nova que permite uma fixação sem suturas e sem adesivos. O cateter é colocado dentro de uma estrutura de plástico cor de laranja, que está ligada a uma âncora inserida nos tecidos subcutâneos, para além da pele onde se encontram os recetores da dor.
No prazo de 48 a 72 horas após a fixação, a fixação cicatriza no local, impedindo o movimento do cateter.
A imobilidade favorece a recuperação da zona de inserção e facilita a formação de novos tecidos que atuam como barreira protetora contra as bactérias presentes na superfície. Ao ser fixado no local da punção, o dispositivo de acesso vascular pode ser levantado suavemente, permitindo a realização de uma limpeza completa.
Este tipo de fixação reduz as complicações mecânicas e o número de substituições de cateteres, reduzindo assim o risco de interrupção da terapêutica, o que resulta numa poupança de custos.
QUE TIPO DE FIXADOR UTILIZAR?
A diretriz de prática clínica sobre cuidados vasculares da Disease Control and Prevention recomenda, assim como outras diretrizes e estudos, a utilização de dispositivos de fixação sem sutura. 6
Foi demonstrado que a utilização de sistemas de fixação sem sutura reduz a ocorrência de infeções associadas ao cateter e o grau de deslocação do cateter. Além disso, esses sistemas são menos invasivos para o paciente, evitando o risco de sangramento associado à sutura e, portanto, menos substituições de curativos. 6
Relativamente à fixação adesiva e subcutânea, cada uma tem as suas vantagens e indicações, pelo que, como em qualquer procedimento, devemos adaptar-nos às caraterísticas do paciente.
No entanto, o sistema de fixação subcutânea está associado a menos complicações e a uma maior estabilidade do dispositivo, não necessitando de ser substituído durante a vida útil do cateter.
Existem determinados grupos de pacientes que beneficiam particularmente da utilização da fixação subcutânea, tais como: recém-nascidos, crianças, pacientes idosos não cooperantes com dificuldades cognitivas, pacientes com anomalias cutâneas, pacientes candidatos a transportar um cateter PICC durante mais de 8 semanas, bem como qualquer outra categoria de pacientes com um risco reconhecidamente elevado de deslocamento do cateter. 7
BIBLIOGRAFIA
- Spencer, Timothy. (2018). Securing vascular access devices. The American nurse. 13. 29-31.
- Ullman AJ, Cooke ML, Mitchell M, Lin F, New K, Long DA, Mihala G, Rickard CM. Dressings and securement devices for central venous catheters (CVC). Cochrane Database Syst Rev. 2015 Sep 10;2015(9):CD010367. doi: 10.1002/14651858.CD010367.pub2. PMID: 26358142; PMCID: PMC6457749.
- Molina-Mazón, C., Martín-Cerezo, X., De La Vega, G. D., Asensio-Flores, S., & Adamuz-Tomás, J. (2018). Estudio comparativo sobre fijación de catéter venoso central mediante sutura versus dispositivo adhesivo. Enfermería Intensiva. https://doi.org/10.1016/j.enfi.2017.10.004
- The cyanoacrylate glue for VADs. (s. f.). https://deltamed.pro/en/news/cyanoacrylate-glue-for-vads#:~:text=Cyanoa…
- Ball M, Singh A. Care Of A Central Line. . In: StatPearls . Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK564398/
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- Pittiruti, M., Scoppettuolo, G., Dolcetti, L., Celentano, D., Emoli, A., Marche, B., & Musarò, A. (2019b). Clinical experience of a subcutaneously anchored sutureless system for securing central venous catheters. British journal of nursing, 28(2), S4-S14. https://doi.org/10.12968/bjon.2019.28.2.s4
Autor: Campus Vygon